
Nessa linha profissional de fazer fotos de casamento, que iniciamos timidamente em 2009, acabamos por participar de momentos muito importantes das vidas das pessoas. Estar presente, registrando isso para sempre, é uma responsabilidade muito grande. Mais que fotógrafos e produtores do álbum dos noivos, sei que estamos acompanhando pessoas prestes a pisar em um sonho muito esperado. Para estarmos ali sem interferir na cena daquelas vidas, procuramos ser expectadores.
Mas nem sempre acontece dessa forma. E foi assim que no último domingo passamos momentos muito felizes ao lado de duas famílias sensacionais. O casamento da Renata e do Dani, nos rendeu mais do que boas fotos, mas momentos singulares. Acompanhei a preparação da noiva, ao lado do Gustavo. Durante toda tarde conheci melhor uma menina suave, sensível e extremamente bela. Daquelas belezas que começam por dentro, e acabam coroando um físico belíssimo. Durante a sessão de fotos no salão, fomos conversando e fui entendendo melhor aquele amor que em poucas horas seria sacramentado. Enquanto isso o Nauro estava com o Dani, já no local do casamento. Assim como a Renata, ele é daquelas pessoas que falam na altura da calma. Que passam paz interior pelo tom de voz. Uma duplinha rara, nos agitados dias de hoje.
A cerimônia de casamento foi o retrato disso tudo. As duas irmãs foram responsáveis por dividir com os convidados a história do casal, desde o começo. Cada uma com sua cor e seu estilo, duas irmãs que tinham em comum bem mais do que o ar despojado. Mas sim um carinho e admiração imensa pelos seus irmãos. Finalizaram aquele momento com uma frase linda, do poeta Mário Quintana. Celebraram aquele amor, de verdade, e tive o privilégio de assistir a uma das mais belas cerimônias de casamento que já vi.
Nesse mesmo clima e intensidade, rolou a festa. Com cardápio vegetariano, guitar play, muitos flashes, cup cakes fantásticos e...a geléia de morango da Ceres. Naquele cenário de tantos detalhes simbólicos, a lembrancinha do casório não poderia ser mais apropriada. A Ceres é a mãe do noivo, e fez pequenos potinhos de geléia de morango para os convidados levarem aquele doce-carinho para suas mesas de café. Ganhei dois potinhos e trouxe para o meu momento preferido entre todas as refeições.
Ontem, a Sofia inventou de fazermos um pic-nic na sala, e lembramos de colocar a geléia entre as “deliciuras”. Quando botei aquele pedacinho de doce na boca, senti o sabor das tardes inesquecíveis na casa da Voinha. Foi uma viagem ao encontro da minha avó mimosa, com quem vivi momentos que estão impressos nas minhas melhores páginas de vida.
A Voinha morreu com 91 anos, muito bem vividos, diga-se de passagem. A história dela vale muitos posts, mas resumo aqui a história de uma costureira que ficou viúva cedo e tinha sete filhos para sustentar. Começou a costurar para fora para alimentar a prole. Ao longo de muitas décadas, fez a “Regalo”, uma confecção de lingerie que foi um verdadeiro sucesso. Depois de aposentada, começamos as duas juntas a inventar outras “modas”.
De início pensei em uma forma de manter a Voinha conectada com o mundo. Mera ilusão, ela não só se conectou ao mundo como começou a produzir geléias deliciosas, que eu vendia na Prefeitura, para meus colegas na época. A coisa cresceu tanto, que fizemos embalagens personalizadas. Ela costurava as “saias” para os potinhos e eu fiz uma etiqueta personalizada, que tinha até o SAC para os clientes. Abaixo divido com vocês essa divertida lembrança, que hoje serve para matar a saudade de uma pessoa muito especial, que tive o prazer de dividir momentos únicos da vida.
Por isso te agradeço Ceres, porque a geléia de morango me alimentou a alma nesse finalzinho de 2009. São essas as verdadeiras delícias da vida!