Essa época do ano não passa indiferente. Afora os significados religiosos, existe certa magia oculta no ar.
Incrível eu estar escrevendo isso depois de ter passado a semana na maior correria. Estive atucanada, me dividindo entre os afazeres profissionais e os maternos.
A Sofia está de férias. A babá dela também. Capitou?
Com isso minha semana andou na corda bamba, entre o prazer de estar todo dia ao lado de minha filha mimosa, e o estresse de tentar conjugar isso ao trabalho. Equação que não tem ciência exata que feche.
Junto com isso, este ano atrasei minha lista de presentes. Eu que sou toda organizada e em novembro já estou com a lista de presentes quase liquidada, me dei mal este ano.
Hoje, quase véspera de Natal, finalmente estacionei meu trenó no centro. Em alguns segundos me vi em meio a multidão de errantes, suando em lojas, em busca de presentes que já foram vendidos há horas.
Para amenizar meu desespero, contei com a presença solidária do meu maridão. Ele fez as vezes de motorista, carregador e conselheiro, dependendo da necessidade.
O último item da maratona natalina era, nada mais, nada menos, do que um “ranchinho básico” no hipermercado local. Depois de vencido o acotovelamento na fila da verdura, o “sai da frente” dos carrinhos atravancados no meio do corredor e a fila interminável do “caixa em treinamento”, finalmente um oásis apareceu.
Fizemos uma parada estratégica na lanchonete do Treichel, para repor a sanidade mental e comer o melhor cachorro-quente da cidade. Enquanto eu traçava o dito cujo e o Nauro degustava uma torta mineira, uma mensagem chegou no celular dele.
Era nosso amigo Cadré, jornalista, radicado atualmente em Frederico Westfalen. Ele dizia:
- Já estou aqui, no centro do universo!
A frase foi dita em uma mesa do Cruz de Malta, tradicional bar da cidade, onde se toma a cerveja mais gelada do mundo e se come o melhor croquete do planeta.
E foi degustando a satisfação do Cadré, com aquele tão esperado momento de retorno ao berço, que fiquei pensando no profundo significado desses dias de final de ano.
Sei que assim como ele, hoje nossa amiga Daniela Xu deve fazer a mesma coisa. Não sem antes, passar no balcão do Café Aquários e sentir o peito inundar de prazer ao saborear aquele café carioquinha.
É exatamente isso. É o momento em que cada um de nós volta para o seu canto. Busca as suas origens. Cata suas referências de paladar, olfato, carinho. Resgata saudades, brinda amizades.
São essas e tantas outras razões que fazem desses dias, tão especiais. Talvez Natal e Ano Novo sejam exatamente isso: uma oportunidade de estarmos no centro do nosso próprio universo. Seja ele em Satolep ou em qualquer canto do mundo.