quinta-feira, 15 de julho de 2010

Colinho bom

Passei todo dia hoje com cólicas, sintomas de gripe e uma dor de cabeça daquelas que tiram a gente do eixo. Pra completar esse literal quadro da dor, dormi mal, acordei cedo, e fui para um compromisso de trabalho que exigia disposição e muita atenção. Tudo que eu não tinha!

O resumo dessa ópera foi que às 11h da manhã eu estava com cara de final do dia. Fiz as contas de quanto tempo faltava para chegar a hora de ir para minha caminha, e vi que o remédio era ligar no piloto automático e seguir o dia guiado pelo GPS.

Parece mentira, mas quando a gente não está se sentindo bem fisicamente aparece mais trabalho do que o previsto. O telefone toca mais alto e com uma freqüência inversamente proporcional à nossa paciência.

Elemento decisivo para definir o cenário da situação, é dizer que o frio continua galopante e voraz aqui nas bandas do sul. Meus pés gelados não davam conta das três meias que ilusoriamente calcei hoje cedo.

A única coisa amena nessa tarde de martírio era o calor da botija de água quente que me acompanhou fielmente, com a intenção de driblar as tais cólicas menstruais - que no meu caso são violentas desde a adolescência.

Quando o relógio bateu às 18h, me dei conta de que ainda faltava metade do trabalho para acabar. Vi também que tinha que buscar a Sofia no colégio e estava sem o carro, já que o Nauro havia precisado mais cedo e tinha ficado de me pegar a tardinha. Os poucos neurônios que ainda faziam sinapse me aconselharam a ligar para mãe e pedir a ela que buscasse a Sofia.

Com isso ganhei tempo e trabalhei mais um pouco, até o marido e o carro finalmente aparecerem. Ele chegou apressado e já me deu a barbada:

- Tenho pauta essa noite, vamos fazer um caderno de gastronomia e devo voltar tarde.

Socorro! Eu nesse estado e a Sofia chegando em casa cheia de gás para brincar até a hora de dormir. Não tive espaço nem pra sentir culpa, só pensei em uma alternativa para sanar aquele mal estar ao quadrado, já que a estas alturas tinha a testa franzida de tanta enxaqueca. Foi aí que minha porção filha falou mais alto e disse pro Nauro:

- Vou fazer uma malinha e dormir com a Sofia lá na casa da mãe, ta certo?

Ele olhou com cara de “tudo bem” e eu nem perguntei de novo. Soquei meia dúzia de coisas em uma sacola e me enfiei no carro, que nem criança, antes que ele mudasse de ideia.

Chegamos na mãe e ele já foi anunciando o diagnóstico da situação:

- A Gabi passou o dia mal e tá precisando de um colinho de mãe!

A mimosa da minha progenitora abriu aquele sorriso, que só as mães sabem dar aos filhos. Em poucos minutos eu estava deitada na cama dos meus pais, com o lençol elétrico ligado, um controle remoto na mão e todos os mimos possíveis na volta.

A mãe passou um café quentinho pra mim, fez uma pizza de queijo para Sofia e o pai deu o tom do papo do jantar. Colocamos a conversa em dia, e enquanto a gente conversava minha cabeça pensava no quanto era bom estar ali. Aquele era sim um instante mágico!

A roda pode girar, nossos filhos crescerem, os cabelos brancos aparecerem, mas o colo de pai e mãe sempre vai ser o melhor lugar do mundo. Mesmo quem já não tem mais esse colo físico, sabe que tem alguma força maior por perto quando a coisa fica feia.

E é nesse colinho que estou agora, encerrando essa quinta-feira estranha, que começou torta e fria, mas acabou cheia de calor e gratidão. Colinho de pai e mãe sempre vai ter sabor de aconchego.

E bola pra frente porque amanhã é sexta-feira. Obaaaaaaa!!!

5 comentários:

Anônimo disse...

Filhota, podes ter certeza de que o previlégio foi nosso em ter voces aqui conosco...Bem sabes que estaremos sempre perto para fazer um cafèzinho quente, uma caminha com cheiro de infância e um afago a quem tantas alegrias nos dá.

1 beijo, Mãe e tatai

Anônimo disse...

Colinho de pai e mãe já é bom. Colinho do teu pai e da tua mãe deve ser o máximo. Eles são uns amores!!!!!
Beijos com saudades,
Dica.

Marcia disse...

Muito difícil eu vir ler teu blog sem me emocionar...
Somos muito parecidas ao perceber o amor...eu recorro ao colo de minha mãe em casos extremos pois moramos longe e do colo do meu pai eu sinto falta à cinco anos,mas não tem preço a cama da mãe quentinha no inverno...a certeza do amor incondicional...
Fiquei feliz por ti, ter lembrado deste recurso neste momento...

kiki disse...

Ai Ermã, hoje sou eu que estou precisando de um colinho, chegamos ontem as 24hs de POA-Gramado-Jaguarão, o passeio estava maravilhoso, mas como diz o tatai operario em Férias heheh, voltei com uma sinusite enorme, crise de asma e com um antibiotico na mala, pois graças a Deus meu cunhado é pneumologista e já sentenciou tens que tomar antibiotico. E hoje a cordei do avesso e vim trabalhar com muita chuva, vento e muiiiito frio. A mas vou ficar aqui imaginando que estou aí nestes colinhos que amo tanto.
Bjs.

Aninha disse...

agora eu que pensei, que vergonha!!!!minha irmã comentou teu blog e eu não!!!leio sempre. ele está nos meus favoritos aqui, assim como tu e a Sofia... colinho de pai e mãe não tem preço mesmo, eu utilizo os colos dos meus pais com frequência e sei que te dar um colinho, assim com pra Sofia, é um prazer... beijo grande.