Hoje de manhã recebi um mail falando sobre uma campanha publicitária que o Citibank fez em São Paulo. Eles espalharam outdoors por toda cidade, com frases fortes sobre a relação entre dinheiro e vida.
A primeira frase diz:
“Crie filhos em vez de herdeiros”
Simples assim.
Os nascidos no final da década de 60, como eu, cresceram em meio a ebulição dos novos conceitos. Passamos de uma geração que pensava em deixar herdeiros, para uma que queria liberdade e muita felicidade.
Na verdade, acho que somos a metamorfose ambulante nesse desabrochar de novos conceitos. Mesmo assim, a frase acima permanece intocável. Todos nós queremos criar seres humanos felizes, acima de tudo.
Mas a verdade é que educar um filho não é tarefa fácil. Não tem bula. Muito menos manual, e quando toca a nossa vez, parte das teorias aprendidas por anos vão por água abaixo.
Tudo requer uma dose de sabedoria e muitas de intuição. Caso contrário a coisa vira um estresse bárbaro e o melhor do cotidiano se perde nas pequenices.
Como já escrevi aqui, no início do ano a Sofia entrou para o colégio. No meu primeiro embate de valores encarei de frente a tal mochila de rodinhas. Foi o primeiro golpe nas minhas certezas.
Aos poucos fui entendendo como dosar o que penso da vida frente a esse novo universo. Tudo isso sem agredir, chocar, parecer rabugenta.
Nada fácil essa tarefa de mãe. Nada fácil equalizar os valores verdadeiros dos financeiros nesse mundo que gira mais rápido que o nosso.
Tarefa árdua a de educar, mas ao mesmo tempo fascinante e deliciosa. Talvez o melhor dos paradoxos da vida cotidiana. A eterna interrogação que me persegue do acordar ao dormir.
Nunca pensei em ter conta no Citibank, mas confesso que se eles queriam a minha simpatia, ganharam. E mesmo que eu tenha a certeza, mais que absoluta, de que eles preferem que os nossos filhos fiquem ricos e engordem os seus balanços anuais, eu finjo que acredito.
A essência do que eles disseram não tem preço!
"Crie filhos em vez de herdeiros"
"Dinheiro só chama dinheiro, não chama para um cineminha, nem para tomar um sorvete"
"Não deixe que o trabalho sobre sua mesa tampe a vista da janela"
"Não é justo fazer declarações anuais ao Fisco e nenhuma para quem você ama"
"Para cada almoço de negócios, faça um jantar à luz de velas"
"Por que as semanas demoram tanto e os anos passam tão rapidinho?"
"Quantas reuniões foram mesmo esta semana? Reúna os amigos"
"Trabalhe, trabalhe, trabalhe. Mas não se esqueça, vírgulas significam pausas..."
"...e quem sabe assim você seja promovido a melhor (amigo / pai / mãe / filho / filha / namorada / namorado / marido / esposa / irmão / irmã.. etc.) do mundo!"
"Você pode dar uma festa sem dinheiro. Mas não sem amigos."
E para terminar, mensagem afixada na parede de uma farmácia:
"Não eduque seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz. Assim, ele saberá o valor das coisas e não o seu preço”
Um comentário:
Lindo, Gabi! Assino embaixo de tudo o que tu disseste, e adoro a frase "pode se fazer uma festa sem dinheiro, mas não se faz uma festa sem amigos" (se não me engano, tbém era de um outdoor do Citybank), assim pensei a vida inteira e assim festejei todos os aniversários da família, a casa sempre cheia de gente, de carinho, de "frescurinhas" na mesa, mas nada que chamasse mais atenção do que o aniversariante do dia, ele sim, a razão de toda aquela
confraternização.
Beijo com carinho, Kika
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