domingo, 13 de maio de 2012

Confissões

Sempre achei uma chatice aqueles papos de sábado a tarde sobre gravidez, pós-parto e tudo mais. Elas se reuniam na volta da lareira e via de regar o assunto era em torno das suas experiências.

- Eu fiquei em trabalho de parto quase seis horas!
- A minha dilatação era de tantos dedos!

- A cesárea é a pior coisa do mundo!

- O meu seio ficou na miséria.
Eu simplesmente desligava. Meu pensamento voava para bem além daquele mundinho que em nada me atraia.

A maternidade para mim era um assunto para bem depois. Não conseguia me encaixar naquele estilo e nem me imaginava dizendo aquelas frases algum dia.

Eu gostava de ser filha.  Sempre fui independente. Enxergava a relação entre pais e filhos de sintonia, mas sem qualquer tipo de peso.
Engravidei aos 36 anos, totalmente por acaso. Em dezembro o exame confirmou e aos poucos fui mergulhando em um novo mundo.

Ficava embasbacada de pensar que uma pessoa estava se formando dentro de mim. Parecia surreal, por mais falado que fosse aquele assunto, desde as bonecas da infância.
A vida brotou e naquele momento passei para outra dimensão.

Amei tudo que vivi antes de ser mãe.  Mas a sensação que tenho, é que a intensidade começou a existir naquele instante.  
Não tive chá-de fraldas. Não tinha comprado o carrinho. Tive uma cesárea de urgência.

Ela foi dormir direto na UTI. Eu no quarto.  Um berço vazio me fez companhia.

Recebi flores, abraços e fui vê-la 18 horas depois do nosso primeiro olhar.

Fui trocar suas fraldas bem depois do imaginado. Não pude embalar seu sono nos primeiros meses. Dei o primeiro banho chorando.  
Tive medo. Tive uma força inimaginável. Tive a certeza de que nunca ia perdê-la.

Sentimentos ambíguos. Sentimentos complementares. Arrebatadores.

Eu era mãe e minha vida jamais seria a mesma.

Tudo isso foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

A maternidade é a sensação mais mágica que já tive contato. Nos permite contato com um tipo de amor tão profundo, que precisamos aprender a senti-lo.

O tempo nos ensina. E com ele vamos conhecendo nossas possibilidades. Descobrimos novas grandezas.

O crescimento de um filho nos dá a possibilidade de sentir o sangue pulsando nas veias. Cada descoberta é uma oportunidade de entender a vida na sua mais absoluta simplicidade.

A cada Dia das Mães eu me pego olhando para esses sentimentos todos. Não posso imaginar minha vida sem a Sofia.

Com esse nome que se traduz em sabedoria, ela me ensina a ser uma pessoa melhor a cada dia. Em cada abraço é como se eu pudesse mergulhar na vida profundamente. Feliz vida a pra nós!