Sorrimos bem menos do que deveríamos. Economizamos abraços. Suprimimos a espontaneidade de falar com o coração.
E assim os dias passam, os meses correm e a vida voa. Até que o inesperado bate à nossa porta.
Meu pai foi embora assim, sem aviso prévio. Um infarto o levou na madrugada de 22 de junho do ano passado. No dia em que o Jockey Club completava mais um ano de existência.
Em um universo de 365 dias, é difícil acreditar que tenha sido coincidência. A entidade que ele fez ressuscitar aniversariava. Ele partia como se tivesse cumprido sua missão. E cumpriu.
Nesse momento um ciclo se fechou. No começo nossa reação de incredulidade nos anestesia. É uma forma de defesa, acredito.
A morte é fria, distante, e ainda incompreensível.
Aos poucos os dias passam, nos carregando para mais adiante. Aquela dor aguda se transforma em saudade.
A vida é finita. Temos certeza disso, mas a perda nos atira o balde de água fria na cara.
Temos sinais o tempo todo de seus ciclos. Mensagens cifradas. Recados explícitos para que a sua fugacidade voraz seja compreendida.
Até enfrentarmos a primeira saudade, imaginamos que temos muito tempo pela frente.
Por isso, cada vez que um ciclo se fecha, precisamos ler a mensagem que esse espaço de tempo imprime na nossa história.
Transformar os ensinamentos em combustível para seguir a estrada. No meu caso conviver com aquela pessoa irreverente, cheia de bom humor, e de cabelo despenteado, foi um presente.
Tivemos mais de quatro décadas juntos. Ele foi o cara mais autêntico que já conheci. Cativou, por ser ele mesmo. Sem falácia, com transparência.
Elementos raros no mundo das imagens distorcidas que vivemos.
E hoje, nessa data tão simbólica, tenho esse mosaico de bons momentos. É o meu bálsamo.
Pensando nas mais diversas formas de homenageá-lo, surgiu essa ideia. Se o principal recado do meu pai foi de viver intensamente, nada melhor do que fazer isso. Saborear até a última gota.
Foi assim que ele fez no seu ciclo, e é assim que eu quero me lembrar dele.Por isso, meu desejo para essa data é simples. Faço um pedido a todos os amigos do querido Carlinhos Mazza.
Que cada um viva essa sexta-feira com toda sua força. Celebrem a vida por completo, sem meias palavras.
Tenho certeza de que essa boa energia chegará até ele, onde quer que esteja!