terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Começar o recomeço

Ando sem coragem de pisar por aqui. Para deitar no divã-virtual é preciso abrir as comportas dos sentimentos. Corro o risco de uma inundação.

Essa época de Natal é como um teste de resistência para nossas dores. Antes eu chorava até em propaganda de supermercado. Agora desabo na primeira música melequenta de Papai Noel de camelô.

Um paradoxo de sentimentos me assola. A situação é crítica companheiros!

Não sou da tribo que curte reclamar da vida. É preciso acima de tudo, respeitar a sua preciosidade. Mas o ano de 2011 fez uma marca indelével no relevo da minha alma.

A ausência de um ser que amamos é estranha. A falta cotidiana do jeito daquela pessoa que habita nossa história é quase incompreensível.

Os dias passam, faço listas e mais listas. Ocupo minha cabeça e procuro atordoar minha rotina. Mas um mínimo rastro de ócio, e me vejo nessa nova perspectiva.

Esse ano tudo mudou.

Perder meu pai foi como me perder um pouco. Mas sem dramas, eu entendo a complexidade da vida. O causo é que depois que uma peça do tabuleiro se vai, precisamos reinventar o jogo.

A nova configuração da nossa existência exige profunda compreensão.

A presença da morte em um ano, nos faz ter medo de encontrá-la novamente. Regamos nossos amores quase que com insanidade, com medo do dia em que não os teremos.

Mas repito, isso não é triste, é apenas intenso.

E sei que temos uma oportunidade em cada dor. A verdadeira chance de enxergar a raridade da vida.

Com essa certeza, acordamos com mais vontade para sacudir nossos tapetes. Arejar a alma sempre é a melhor escolha.

Coloco aqui minhas dores, saudades, inseguranças, medos e tudo mais que puder ser sacudido, deitado ao sol. Quero tirar o mofo, chorar sem culpa, escrever o que vier.

Só assim vou conseguir me olhar no espelho e encontrar o novo caminho. Quero começar o meu recomeço!

9 comentários:

Sancler Ebert disse...

Lindo o texto Gabi, sensível, emocionante, complexo... escrever sobre o que sentimos na maioria das vezes nos ajuda a lidar com nossos sentimentos... bom ter vc de volta aqui... bjooo!

Virginia Alves disse...

Olá Gabi...adorei o texto vi no mural do Sancler = )
Sei bem o que é perder quem amamos o consolo parece que nunca vai chegar aprendemos a cada dia a conviver com a ausencia...a troca de saberes é que nos faz seguir adiante!Um forte abraço,Virginia Alves

Blog do Prof. Renato Duro disse...

Lembrei-me muito de 'Volver' música de Carlos Gardel:
Volver... con la frente marchita,
Las nieves del tiempo platearon mi sien...
Sentir... que es un soplo la vida,
Que veinte años no es nada,
Que febril la mirada, errante en las sombras,
Te busca y te nombra.
Vivir... con el alma aferrada
A un dulce recuerdo
Que lloro otra vez...

Te quiero mucho, Amiga. Bjaum

Janice Coelho disse...

Estive esses dias conversando com uma amigona minha, que também perdeu o pai, e que dizia que o Natal agora não tinha mais graça pra ela, não tinha significado nenhum..
Ler esse teu texto me despertou sentimentos que me facilitaram a empatia pra uma próxima conversa com ela. Agora é que o Natal ganha mais significado, agora mais do que nunca ela deve celebrar o nascimento de Jesus, pois tenho certeza que no céu o pai dela, assim como o tio Carlinhos, está comemorando a data junto com o aniversariante, esse mestre que não deixa ninguém ficar triste.
Que Jesus ilumine esse teu recomeço, e que segure tua mão em todas as vezes que precisares recomeçar!
Beijos.

Anônimo disse...

Martha Medeiros um dia disse: "Vida é o que existe entre o nascimento e a morte. O que acontece no meio é o que importa... no meio a gente descobre que uma perda, qualquer perda, é um aperitivo da morte - mas não é a morte, que essa só acontece no fim, e ainda estamos falando do meio."
Bjs Greice

*** Cris *** disse...

É isso aí! Um recomeço!
Felicidades sempre!
Bjs!

Déa disse...

Gabi...

De fato, 2011 foi um ano estranho. Sacodido, eu diria. Deixo um grande abraço e dois beijos. Um meu, outro da Mari.

Déa disse...

Gabi...

De fato, 2011 foi um ano estranho. Sacodido, eu diria. Deixo um grande abraço e dois beijos. Um meu, outro da Mari.

Thaís Ottesen disse...

Olá querida, tomei conhecimento do teu blog ontem...
E hoje aqui estou te lendo...Esse texto também escrevi, mas com outras palavras...
Sabe o estranho da solidão? é que nunca estamos sozinhas...
Te convido a conhecer meu blog MINHAS LETRAS,
thaisottesen.blogspot.com
em especial o texto
O COMEÇO DO RECOMEÇO.
2011 Também me deixou uma cicatriz na alma
Abraços, beijos e poesia para vc.