domingo, 11 de julho de 2010

Um lar

Foto: Nauro Júnior


Eu nasci em uma casa que mais parecia um museu. Foi construída em 1810, tinha 33 cômodos, paredes espessas e salas que exalavam uma mistura de mofo com história. Em meio a tantos objetos históricos tínhamos o nosso mundo, com todos os elementos de qualquer morada. Durante três décadas aquela casa que virou cenário de minissérie foi de fato um lar.

Uma vez, em 1998, quando fui morar por um período em Florianópolis, uma prima querida me disse uma frase na despedida:

“Gabi, uma casa pode levar um tempo até ser realmente um lar”.

No auge dos meus vinte e tantos anos, não me detive na essência daquela frase com a profundidade que contém. Hoje, mais de uma década depois, compreendo cada sílaba daquela oração composta por carinho e premonição. À caminho da ilha da magia, eu não imaginava que levaria tempo até achar de fato o meu lar.

Acho que um lar é aquele lugar que mesmo se passando uma semana no resort mais desejado do caderno de viagem, no oitavo dia só pensamos no gosto do café que só a nossa cafeteira faz. É aquele aconchego no dia cinza, que só o nosso edredon consegue proporcionar. Mais do que isso, um lar é aquele espaço físico que nos dá a mesma sensação de segurança que a cama dos pais transmitia nas noites de temporal da infância.

E nesse final de semana de céu azul, me peguei admirando o meu lar e pensando no quanto caminhamos na para chegar até aqui.

Cada objeto traduz muito de nossa história. No mosaico dos ladrilhos hidráulicos da cozinha, diferentes formas que juntas tem harmonia. Assim como nosso modo de ser e ver a vida. São os contrários complementares. E assim são os lares que vejo por aí.

Na semana passada fomos à Jaguarão e conheci a casa da querida amiga Neca. Foi uma tarde muito especial. Com a força de uma leoa, ela mostrou cada pedacinho daquele lugar, que sem dúvida é um grande lar. Cada peça apresentada com carinho, tinha alguma referência simbólica. Era como um retrato dos moradores daquele local.

Isso faz de uma casa um lar. E assim são os lugares mais especiais que conheci na vida.

Lembro também de casas que visitei, extremamente bem decoradas. Daquelas que se vê em revistas e que temos vontade de nos teletransportar na hora, imaginado que a felicidade mora ali. Em muitas dessas casas, não vi a cara de seus donos. As marcas de suas vidas não estava nos bem desenhados móveis sob medida.

A verdade é que a minha prima Andréa tinha razão.

Pode demorar um tempo para se achar um lar de verdade. Mas o que realmente importa, é no dia que encontrarmos esse lugar, depositarmos ali nossos sonhos e desejarmos do fundo da alma que a segunda-feira demore a chegar!

5 comentários:

kiki disse...

Ermã, amei teu texto nunca tinha conseguido expressar dessa maneira para variar um pouco vou assinar em baixo hehe, Eu graças a Deus consegui fazer meu a lar aqui em Jaguarão essa cidade que me acolheu e principalmente a familia maravilhosa que o Bruno tem que me fez sentir tão bem aqui, mesmo estando longe de vocês que amo tanto. A Sofia disse uma coisa linda quando foi embora no domingo "Tia kiki seria perfeito se eu tivesse nascido aqui" sei que o que ela queria dizer que seria perfeito se nossos lares fossem mais perto. Mas Deus sabe o que faz e estaremos sempre na mesma sintonia.

kiki disse...

Ermã, amei teu texto nunca tinha conseguido expressar dessa maneira para variar um pouco vou assinar em baixo hehe, Eu graças a Deus consegui fazer meu a lar aqui em Jaguarão essa cidade que me acolheu e principalmente a familia maravilhosa que o Bruno tem que me fez sentir tão bem aqui, mesmo estando longe de vocês que amo tanto. A Sofia disse uma coisa linda quando foi embora no domingo "Tia kiki seria perfeito se eu tivesse nascido aqui" sei que o que ela queria dizer que seria perfeito se nossos lares fossem mais perto. Mas Deus sabe o que faz e estaremos sempre na mesma sintonia.

Marcia disse...

Mais uma vez eu me sinto acolhida ao ler teu texto...é maravilhoso este contato...

lugastal disse...

adoro ler essas divagações nostálgicas da gabi... lendo a descrição da casa da charqueada parece que enxergo aquele infinito de quartos... imagino vocês que participaram daquela história.
siamesa, saudade de ti!
beijos!

Janice Coelho disse...

Lindo o texto Gabi. As vezes são os objetos, as vezes as pessoas, as vezes a nossa paz, mas um lar nunca é simplesmente uma casa. Por exemplo, nesse momento, meu lar esta longe de mim e sem as minhas coisas, mas teu primo carrega com ele tudo que eu preciso pra me sentir em casa. :D