Acontece há quatro anos a mesma coisa e pelo visto se repete mais uma vez. Na véspera do aniversário da Sofia uma angústia inexplicável toma conta de mim.
Amanhã, dia 18 de junho de 2010, minha amada filha completa cinco anos de vida.
O clima aqui em casa é de euforia. Ela pediu para eu fazer um calendário com os dias que faltam, e desde a semana passada todo dia acorda e risca um dia. Amanhã será a festinha no colégio, na hora do lanche. Coisa bem simples, mas a Tatá e eu já nos debruçamos em compras e detalhes para deixar a hora do lanche das crianças um momento divertido. No dia seguinte, seguimos para Novo Hamburgo. Ela terá outro aniversário lá, junto com o primo Lucas, que completa um ano de vida. O tema da festa é o circo, e já compramos um tule rosa-choque para fazer a tão desejada roupa de bailarina que ela pediu. Eu aluguei uma fantasia de palhaço para mim e o Nauro disse que vai produzir sua própria performance.
Com esse cenário maravilhoso, como eu posso estar angustiada?
Sempre a mesma sensação. Hoje peguei a estrada para ir até a Ecosul e no caminho fui pensando. Tentando desvendar esse sentimento que me assombra na véspera de um dia que tenho como o mais feliz da minha vida. Imagino que Freud tenha pelo menos uns 20 capítulos de respostas pra me dar. Mas não estou a fim de encarar um divã real.
Quando a Sofia completou um ano, fizemos uma coisa bem simples para comemorar. Na época ainda estávamos morando com meus pais, e passei o dia anterior à data fazendo lembrancinhas, enrolando negrinhos com a Kiki, com meus sobrinhos e a Sofia na volta. Um clima super legal. Daí fui dormir e por volta das 2h da manhã me acordei com uma dor aguda no abdômen. Era uma coisa tão forte que eu só conseguia pedir para o Nauro chamar a ambulância. Ele me colocou no carro e quando me dei por mim, já estava de pijama e pantufas tomando um remédio na veia, em plena Unimed. Não tenho a menor idéia do que aconteceu, até hoje. Nem o médico que me atendeu decifrou.
Com o passar dos anos o aperto vem no peito, como se eu tivesse que romper aquela data para respirar aliviada. Sei que muita gente pode dizer que está ligado ao que passamos, à cesárea de urgência, enfim, respostas aos montes. Hoje enquanto eu dirigia para Ecosul, pensei que escrever sobre ela iria me aliviar. Comecei a olhar para trás, com a intenção de enxergar os fantasmas e acabar de vez com eles.
No meio dessa imersão no passado me veio à mente o dia que eu desafiei a morte. Foi na véspera da cirurgia da Sofia. Não tínhamos mais tempo para esperar e quando menos imaginávamos, ela pegou uma nova infecção. Era uma segunda-feira de manhã e Dr. Flávio entrou com o resultado do exame na mão. Sentou e baixou a cabeça. Estávamos a Sofia, ele e eu na sala do isolamento da UTI. Ele mexeu a cabeça e percebi seus olhos umedecerem. Então naquele momento eu vi que estávamos frente a frente, como naqueles desenhos animados que enxergamos aquele vulto negro, com a foice na mão.
Eu senti alguma coisa por dentro que jamais saberia descrever em palavras. Olhei firme pra ele e disse:
- Não se preocupe Dr. Flávio, não vai acontecer nada de ruim com a Sofia!
Eu acho que nesse momento peitei a morte. Meus argumentos eram as tantas pessoas que rezavam e pediam pela Sofia naquele momento. Gente que até hoje nem conhecemos. Anônimos que se engajaram na corrente pela vida dela. Tenho certeza de que força dessa energia conjunta, fez com que ela se convencesse a ir embora. Foi como se eu tivesse usado toda minha energia naquele momento.Para quem lê, pode parecer uma ideia absurda. Mas quando olho para trás, vejo que alguma coisa muito forte aconteceu naquele dia.
Talvez alguma coisa ainda me dê medo dentro desse passado. E a proximidade do aniversário da Sofia é uma certeza de que amá-la incondicionalmente, é a melhor coisa que a vida poderia ter me proporcionado. Não consigo imagina a vida sem esse ser brilhante, que ilumina nosso caminho todos os dias. Não tem um dia que eu não agradeça à Deus por esse presente. Sou eternamente grata, por ter me confiado tamanho privilégio.
Com ela aprendo todos os dias, e quem sabe depois desse desabafo, não vou acender uma velinha na igreja em que minha Voinha sempre agradeceu pelos seus sete filhos.
Acho que é uma boa idéia nessa véspera de dia tão especial. Um contato direto com quem me deu o meu maior presente!
15 comentários:
Com certeza um dos teus melhores textos! Adorei!
E pra variar, te entendo! (Acho que somos bem parecidas!) Como não sou mãe é na véspera do meu aniversário que eu fico angustiada, e até hoje tbm não sei o porquê. :P
Beijão, Paula Blaas
Muitas felicidades para a Sofia!
Já estou confirmada para o pic nic.
Beijo grande!!! Mariana
Assim não dá, estou eu aqui novamente aos prantos.
Obrigada DEUS, por essas pessoas maravilhosas.
Sou a Tia mais coruja que existe, Amo vocês
Sof,Parabéns!!!!
FELIZ ANIVERSÁRIO PRA VOCÊS!!
Dá um beijo especial na Sofia por mim e pelo Artur! Sou fã dessa guria que desde nenezinha se mostrou uma baita guerreira!
Comerei um cupcake de chocolate em homenagem a este aniver!
Beijão
Querida Sofia, parabéns!
Que continue brindando a vida com essa tua alegria contagiante!
Parabéns a esses papais queridos!
Curtam bastante essas datas e celebrem a alegria!
Querida Sofia, parabéns!
Que continue brindando a vida com essa tua alegria contagiante!
Parabéns a esses papais queridos!
Curtam bastante essas datas e celebrem a alegria!
bjos,
Claudia Silveira
O texto tem a capacidade de emocionar pois exprime a vida que pulsa no coração desta valente mãe , deste também valente pai e desta não menos valente pequena-grande SOFIA!
Fico orgulhosa de ver Sofia crescer ao lado de vocês. Ser pai , ser mãe não é para qualquerum mas seguramente para vocês o é.Abraço.
Dindin.
Estou em clima de Alice In Wonderland, é preciso acreditar em 3 coisas impossíveis, todos os dias. Então hoje pensei: Catarina, Sofia e Marina!!!! Elas estão lindas e aqui com nós. Mais uma vez aquela mistura de sentimentos, angustia, gratidão, proteção, mas acima de tudo amor!!!!!
Parabéns amiga SOFI!!!!!
Beijos
Maira e Turma de Cá...
Entendo perfeitamente o que você sente. É como o soldado que está enfrentando uma batalha. Sua batalha tem um sentido lindo, dar a luz, educar, encaminhar um ser lindo que é a Sofia. Ela certamente está aqui para compartilhar muitas coisas boas com vocês, que foram escolhidos por serem capaz dessa missão. Parabéns a ela e a vocês!!! Agradeça sempre a Deus por ter enviado essa luz prá iluminar a vida de vocês. beijos! E seja uma palhacinha bem alegre.
Gabi querida , aqui de longe acompanhei toda a luta de vcs via KIKI e Bruno então dia 18 é um grande dia, de comemoração e alegria . A Sofia é uma gigante ,um anjinho muito especial . bjs pra vcs c muito carinho . Marília e família
Bom,pra te dizer a verdade,desde que escutei a história da Sofia,primeiramente pelo Joca e depois detalhadamente por ti,me vi revivendo um pouco da história do Jê,e hoje ao ler tua matéria confesso que fui às lágrimas,cada ano é o 1º,como sempre digo:de alegrias,aprendizado e muito,mas muito amor!!!
bjs p vcs.
Bom,pra te dizer a verdade,desde que escutei a história da Sofia,primeiramente pelo Joca e depois detalhadamente por ti,me vi revivendo um pouco da história do Jê,e hoje ao ler tua matéria confesso que fui às lágrimas,cada ano é o 1º,como sempre digo:de alegrias,aprendizado e muito,mas muito amor!!!
bjs p vcs.
Linda Sofia!!!! Me arrepia a emoção de lembrar ..Não consegui encontrar com vocês desta vez..Uma pena. Foi tudo corrido mas bem legal. To com saudades. bjs
não tem como não se emocionar! diante desse texto tão real e atual, só posso reverenciar: viva a girafinha, e viva a mamãe girafa!
Gabriela...
Descobri teu blog com uma indicação do teu apaixonada Nauro no Twitter.
Grata surpresa!
Confesso que fiquei eufórica com a história do Galeano. M A R A V I L H O S O !!!
Quanto à Sofia e às dores e angústias... Já escrevi outra vez isso pra ti: acho que não tens noção do quanto admiro vocês.
Sou tua fã de carteirinha! Com certeza, a força e a recuperação da Sofia, tem muito dessa maezona que ela escolheu, ainda antes de vir pra cá.
Quis dizer isso mais uma vez. Desculpe se estou sendo melosa...
Isso é coisa de mãe. tu deves me enteder.
Um beijo,
Andréa Heidrich - Mãe da Mariana
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