Ontem fomos ao Cassino para o casamento de uma velha e querida amiga minha. A Lílian e eu nos conhecemos nos idos anos de 80, quando éramos duas compridas desajeitas adolescentes, desfilando pela avenida principal, em meio a uma turma de amigas “petiças”. Foi em um verão de 1982, em plena pré-adolescência. Eu com 14 e ela com 13 anos. Acabamos nos aproximando exatamente por uma questão de “altitude”. Enquanto a turma de gurias desfilava sua estatura compatível com a idade, nós já éramos duas girafas que tinham passado dos 1,70m, como nossos pares de tênis tamanho 38. Imaginem, isso ainda em fase de crescimento, depois chegamos à índices ainda maiores!
Eu costumava veranear com minha querida avó Nóris, a quem eu sempre chamei carinhosamente de Chocho. Era sua companheira de aventura e quando chegava janeiro, nos mandávamos com a mala cheia de amor pelo verão. Nós duas sempre amamos uma praia, um belo bronzeado e aquele balneário, que guarda a maior praia do mundo em extensão. E foi lá que conheci essa amiga tão querida. Depois desse primeiro verão, em que nos olhamos pela primeira vez, nunca mais nos perdemos de vista. Ela morava em Porto Alegre, mas seu pai era pelotense e a família da mãe de Rio Grande. Então os laços afetivos estavam todos pelas redondezas e a nossa amizade foi mais um deles.
Lembro que quando voltamos para nossas casas e retomamos a rotina escolar, continuamos a amizade através de cartas. Nossas correspondência sempre foram originais, e até fitas cassetes vendidas pelos Correios na época usávamos. Era uma curtição e assim foi durante longos anos. Temos todas guardadas e combinamos de um dia escrever um livro dessa história, só através das trocas de confidências.
A Lílian sempre foi do mundo. Lembro que com 17 anos se tocou pra San Diego sozinha. Atinada como só ela, estudava japonês, em uma época em que mal se falava em saber inglês. Formou-se em Oceanologia e Direito ao mesmo tempo, e depois disso rodou o mundo novamente. Morou na Escócia, voltou para o Brasil, retornou para Itália e um dia decidiu largar âncora no Cassino. Foi lá que ela sempre recarregou suas energias. E foi lá que conheceu seu amor. Uma pessoa que é a cara Del, o Renato, ou Gordinho. Os dois tem o mesmo amor cativo pelo Cassino.
E a festa de ontem foi exatamente a cara deles. Em uma casa da tia da Lílian chamada “Vila Avozinha”, um lugar que durante os meses de verão sempre era alugada para estudantes de Oceanologia. Como os detalhes do destino são sempre precisos, o Renato morou por longos anos lá. Então a festa era assim, cheia de simbolismo e de uma simplicidade encantadora. A cerimônia foi nos desse lugar tão representativo, com jardins emoldurados por árvores centenárias e iluminado por tochas e velas. A Lílian, sempre linda, estava com um vestido cor de uva, e uma flor branca no cabelo. Estava exalando felicidade. O buquê foi feito por ele, com astromélias e folhas de louro. Nas badejas além de espumante, os garçons ofereciam uma cachacinha de butiá feita pelo noivo, curtida há dois anos. Para finalizar os bem-casados feitos em casa, de uma velha receita familiar.
Fiquei emocionada com o que vi e senti. E tenho certeza de que a minha querida amiga vai ser muito feliz no seu canto especial desse mundo. O lugar para onde ela sempre voltou. Tenho certeza de que todos nós temos o nosso canto preferido nesse mundo e é lá que está escondido o pote de ouro no final do arco-íris. É o canto que nos encanta!
Vida longa a esse amor!
Um comentário:
Filha, bem sabes a alegria que sinto em saber da felicidade desta rica amiga Lilian...lembro da imensa "bebedeira" que ela tomou num 1° de ano, lá na charqueada e dei sopa de cenoura par que ela saisse daquela situação(pouco adiantou).Ela merece toda felicidade do mundo e esta amizade de voces é o que há de mais precioso na vida. bjs.mãe.
Postar um comentário